O Porto de Santos inserido na rota do tráfico internacional.

Um dado preocupante chamou a atenção neste mês. O recorde anual de apreensão de drogas no Porto de Santos foi batido, faltando quase dois meses para o fim do período. O Brasil, que carrega a triste posição de segundo maior consumidor mundial de cocaína e seus derivados, também contribui para a distribuição deste veneno para muitos outros países do planeta. Um dos principais pontos para que façamos parte dessa rota é o fato de que, sozinha, a vizinha Colômbia é responsável por 70% da produção mundial deste produto.

A estratégia dos traficantes é embutir a droga no meio de diferentes cargas que partem daqui para todos os lugares do mundo. O mais impressionante é que, na grande maioria das vezes, tanto o exportador quanto o importador sequer imaginam que no meio da carga comercializada são embutidas toneladas de drogas. A técnica é conhecida criminalmente como “rip-on/rip-off“.

Assim, o Porto de Santos, que movimenta 25% dos contêineres no país, foi responsável, sozinho, por 40% de toda a droga apreendida em portos brasileiros neste ano. Isso não pode continuar assim. É preciso mudar essa realidade e, consequentemente, melhorar a imagem ruim do maior porto da América Latina em relação ao assunto drogas.

Não podemos fechar os olhos para o fato de que outros portos têm oferecido menores taxas e mais agilidade como atrativo para serviços portuários. É necessário observar de forma criteriosa essa questão, buscando mais investimentos, formação e preparo constante dos policiais federais para que esse problema não se torne, em curto prazo, mais um motivo capaz de afugentar exportadores e importadores.

Temos a obrigação de cuidar e preservar nosso porto, como importante gerador de empregos e responsável por boa parte da economia local, sob o risco de perdermos ainda mais espaço no cenário nacional.